sexta-feira, 13 de julho de 2012

Transexualidade, Disforia de Gênero, Transtorno de Identidade de Gênero




O que é transexualidade?

Transexualidade, Transexualismo, Síndrome de Harry Benjamin, Transtorno de Identidade de Gênero, Disforia de Gênero ou ainda Disforia Neurodiscordante de Gênero são expressões referentes à mesma coisa: a condição na qual a pessoa se identifica psicologicamente como sendo do gênero oposto ao seu sexo genético e sente impropriedade em relação ao próprio corpo. Esta condição por via de regra gera um desconforto emocional e psicológico ao transexual, por isso existe a iniciativa de “transitar” (por meio de tratamento hormonal e cirurgias de redesignação sexual) de um gênero anatômico a outro. O termo clínico mais recomendado hoje em dia é Disforia de Gênero, bem como Transexualidade.

Um transexual female-to-male (FTM, homem transexual) é alguém que sente que o seu gênero é masculino, embora tenha nascido com corpo feminino; um transexual male-to-female (MTF, mulher transexual) é a pessoa que sente que o seu gênero é feminino, embora tenha nascido com corpo masculino.

Os intersexuais (hermafroditas), pessoas com características físicas ou genéticas de um sexo indefinido, não são a priori considerados transexuais.

Muitas vezes os transexuais sabem que se sentem do gênero oposto ao sexo biológico desde que são crianças (mais ou menos aos 6 anos de idade). Normalmente eles expressam o desejo de pertencer ao sexo oposto, preferem brinquedos ou brincadeiras do sexo oposto etc. Por exemplo, um menino transexual pode expressar o desejo de se vestir com roupas de menino, preferir carrinhos a bonecas, futebol a brincar de casinha.

Contudo, embora transexuais muitas vezes apresentem estes desejos quando crianças, não necessariamente uma criança que expresse esses desejos é transexual. Existem crianças que podem expressar esses desejos e incertezas com relação ao gênero ao qual pertencem, mas que perdem o interesse em pertencer ao sexo oposto durante a adolescência.

Também há casos em que um transexual apenas começa a expressar o desejo de pertencer ao gênero oposto ao seu sexo genético já na adolescência, ou na fase adulta.



Algumas pessoas definem “transexual” como uma pessoa que passou por cirurgia de redesignação sexual, uma definição equivocada. Afinal não necessariamente uma pessoa cujo sexo psicológico é o oposto do sexo biológico irá passar por todas as cirurgias de redesignação sexual, e há os que ainda não transitaram de um sexo a outro, mas vão transitar. Transexual é o que apresenta características de disforia de gênero independente de ter feito cirurgia.


Termos comumente confundidos com transexualidade

Transgênero é um termo que ainda não está totalmente estabelecido. Ele pode ser considerado um termo mais geral, que engloba a transexualidade, a travestilidade, a intersexualidade e outros. Assim, transgênero pode ser transexual, pode ser uma pessoa que não se sente completamente nem do gênero feminino, nem do gênero masculino, pode ser uma pessoa que às vezes se sente do sexo feminino e às vezes do masculino, pode ser uma pessoa que gosta de se vestir com roupas do sexo oposto, mas está contente com o seu sexo biológico, pode ser um travesti etc.

Travestilidade (conhecido como travestismo) é muitas vezes confundida com transexualidade. Contudo, travestis (ou crossdressers) e transexuais são completamente diferentes. Travesti é uma pessoa que se veste com as roupas e acessórios do sexo oposto somente em parte do dia ou para apresentar shows (no caso dos drag queens e drag kings) ou altera seu corpo (num processo entendido como body modification) porque sente prazer emocional ou sexual fazendo isto. Embora travestis gostem da fantasia de se comportar como o sexo oposto, eles não se consideram do gênero oposto. Por exemplo, um homem que se traveste não se considera do gênero feminino. Ele está contente sendo um homem e tendo corpo masculino.

Obs.: um transexual pode travestir-se antes de começar a transição, mas vai continuar sendo transexual.

Homossexualidade é relativo a orientação sexual da pessoa, ou seja, se a pessoa se atrai por pessoas do mesmo gênero ou do gênero oposto. Os homossexuais sentem atração por pessoas do mesmo gênero (mulheres que sentem atração por mulheres e homens que sentem atração por homens), mas estão felizes com o sexo refletido pelo seu corpo. O termo transexualidade não está relacionado à orientação sexual da pessoa, e sim à identidade de gênero. Dessa forma, transexuais podem ser heterossexuais, homossexuais ou bissexuais.


É uma doença?

Existe uma grande discussão entre profissionais da psiquiatria, da psicologia, ativistas transexuais e a comunidade transexual relacionada a considerar a transexualidade como uma doença ou não. O diagnóstico consta tanto no CID-10 (como Transexualismo) quanto no DSM-IV (como Transtorno de Identidade de Gênero).

De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde - versão 10 ou CID-10 – que é uma publicação periódica da Organização Mundial da Saúde (OMS) -, o diagnóstico de Transexualismo (F64.0) em um adulto requer que 3 critérios básicos sejam satisfeitos:

         • Desejo de viver e ser aceito como membro do sexo oposto, normalmente acompanhado pelo desejo de fazer com que o corpo seja o mais congruente possível com o sexo preferido, através de cirurgia e tratamento hormonal.
             • Este desejo esteve presente persistentemente por pelo menos 2 anos.
          • O transtorno não é sintoma de nenhum transtorno mental ou anormalidade cromossômica.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais - 4ª Edição ou DSM-IV, a publicação periódica da Associação Psiquiátrica Americana (APA), os critérios diagnósticos são:

         A. Uma forte e persistente identificação com o gênero oposto (não meramente um desejo de obter quaisquer vantagens culturais percebidas pelo fato de ser do sexo oposto).

         Em crianças, a perturbação é manifestada por quatro (ou mais) dos seguintes quesitos:

         • Declarou repetidamente o desejo de ser, ou insistência de que é, do sexo oposto;
         • Em meninos, preferência pelo uso de roupas do gênero oposto ou simulação de trajes femininos; em meninas, insistência em usar apenas roupas estereotipadamente masculinas;
         • Preferências intensas e persistentes por papéis do sexo oposto em brincadeiras de faz-de-conta, ou fantasias persistentes acerca de ser do sexo oposto;
         • Intenso desejo de participar em jogos e passatempos estereotípicos do sexo oposto;
         • Forte preferência por companheiros do sexo oposto.

         Em adolescentes e adultos, o distúrbio se manifesta por sintomas tais como desejo declarado de ser do sexo oposto, passar-se freqüentemente por alguém do sexo oposto, desejo de viver ou ser tratado como alguém do sexo oposto, ou a convicção de ter os sentimentos e reações típicos do sexo oposto.

         B. Desconforto persistente com seu sexo ou sentimento de inadequação no papel de gênero deste sexo.

         Em crianças, a perturbação manifesta-se por qualquer das seguintes formas: em meninos, afirmação de seu pênis ou testículos são repulsivos ou desaparecerão, declaração de que seria melhor não ter um pênis ou aversão a brincadeiras rudes e rejeição a brinquedos, jogos e atividades estereotipadamente masculinos; em meninas, rejeição em urinar sentada, afirmação de que desenvolverá um pênis, afirmação de que não deseja desenvolver seios ou menstruar ou acentuada aversão a roupas caracteristicamente femininas.

         Em adolescentes e adultos, o distúrbio manifesta-se por sintomas tais como preocupação em ver-se livre de características sexuais primárias ou secundárias (por ex., solicitação de hormônios, cirurgia ou outros procedimentos para alterar fisicamente as características sexuais, com o objetivo de simular o sexo oposto) ou crença de ter nascido com o sexo errado.

              C. A perturbação não é concomitante a uma condição intersexual física.
         D. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Apesar dos critérios diagnósticos do DSM-IV serem mais descritivos, o CID-10 deve ser necessariamente utilizado no Brasil para avaliações médicas oficiais, por ser a OMS a o organismo ao qual o Brasil é filiado. A importância do diagnóstico médico no Brasil é a possibilitação da realização de cirurgias e do tratamento hormonal dentro do país, e a utilização de meios públicos (SUS) para os mesmos.


Qual é a causa?

Causas prováveis da disforia de gênero seriam o banho hormonal do feto durante a gestação (se com algum hormônio em excesso), peculiaridades genéticas ou até transtorno de estresse pós-traumático (no caso de trauma sexual muito grave). Mas não há consenso ou predominância na opinião dos especialistas em relação a isso.

Mesmo que as causas da transexualidade não sejam ainda totalmente entendidas, existem evidências de que transexualidade é uma condição neurológica (ou seja, não é um transtorno mental). Uma pessoa transexual não tem como deixar de ser transexual. Contudo, existem tratamentos hormonais e cirurgias que podem ajudar a fazer com que a pessoa se sinta melhor e possa viver melhor de acordo com o seu gênero.


O que fazer se você tiver Disforia de Gênero?

Muitos transexuais antes de sequer terem ouvido falar em disforia de gênero já sabem internamente que desejam um corpo semelhante ao do gênero com o qual se identificam, e alguns não. Mas diante dos problemas psicológicos, emocionais, sociais e funcionais que o diagnóstico gera, é possível realizar o que chamamos de transição: um processo no qual migramos de um sexo anatômico e hormonal a outro (ou harmonizamos nosso corpo com a psique) fazendo tratamento hormonal (para inibição de características sexuais secundárias e indução de outras) e cirurgias de redesignação sexual (ou transgenitalização).

É importante apontar que a transição pode ser vital para uma melhor integração do transexual na sociedade e sua melhora interna. Alguns optam por viver sem realizá-la (e conseguem tal intento), mas para outros fazer a transição é uma questão de sobrevivência - em função do peso psicológico e emocional que essa divergência causa.

Para que a transição aconteça é necessário acompanhamento médico psicológico e/ou psiquiátrico, endocrinológico e fonoaudiológico (no caso de necessidade readequar o timbre de voz). Para iniciar o tratamento hormonal são precisos alguns meses de acompanhamento psicológico/psiquiátrico (e um laudo emitido pelo psicólogo recomendando o uso da testosterona), da mesma forma que para realizar as cirurgias são necessários esses dois anos de acompanhamento e o laudo com o diagnóstico de fato; é recomendado já ter iniciado a hormonização com a testosterona antes de realizar qualquer cirurgia.


Fonte: Estas informações são do site  FTM BRASIL.

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