terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Filmes LGBTs

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Transamerica




Bree (Felicity Huffman) é uma transsexual que, antes de mudar de sexo, descobre que tem um filho. O garoto, Toby (Kevin Zegers), é agora um adolescente que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Os dois se encontram, sem que ele saiba sobre a identidade verdadeira de Bree, e partem juntos, numa viagem de carro.









●Tomboy



Tomboy conta a história de uma garota que se veste, age e se apresenta a todos como menino; uma menina-rapaz. Aliás, é este o significado da palavra que intitula o filme de Celine Scianma.

Por causa do novo emprego do pai, Laure (Zoé Héran), uma pré-adolescente de 10 anos, é obrigada a se mudar de Paris com a mãe a e irmã mais nova. Com cabelos curtos, roupas largas e a fim de fazer novos amigos, a garota se apresenta a todos como Mikael.
O segredo é mantido com a ajuda de Jenna, sua irmã, e ninguém tem motivos para desconfiar da sexualidade de Mikael, já que ele joga bola como um garoto, brinca com todos e até inicia um namorico com Lisa, uma garota da vizinhança. Porém, o verão não é eterno , as aulas devem começar e a verdade pode vir à tona. ( Legendas em Inglês, use a opção legendas em Português )


● Imagine eu & você


Heck (Matthew Goode) e Rachel (Piper Perabo)    formam o feliz casal em vias de iniciar uma vida em comunhão. Mas no altar da igreja, no entanto, Rachel cruza seu olhar com o de um convidado. Nesse momento então Rachel percebe que Heck talvez não seja o homem de sua vida.













 Como esquecer

Júlia (Ana Paula Arósio) é professora de literatura inglesa e não se conforma de ter sido abandonada por sua companheira Antônia depois de 10 anos de relacionamento. Agora, de mal com a vida, ela luta para enfrentar os fantasmas das recordações e para isso vai contar com o apoio do amigo Hugo (Murilo Rosa), um gay viúvo, com quem irá dividir um novo lar e tentar aprender que a vida segue em frente e os sentimentos perduram.






  

 Priscilla, a Rainha do deserto

Um dos filmes de maior sucesso em Hollywood, que inspirou até um musical, é o irreverente e apaixonante 'Priscilla, a Rainha do deserto", um filme australiano de 1994, com um super elenco e vencedor do premio de melhor figurino do Oscar.

O filme Priscilla, conta a trajetória de 3 Drags Queens, Tick, Felicia e Bernadette, que cruzam o deserto australiano rumo a um trabalho, e nesse período, acabam descobrindo segredos uma das outras, aprendendo a conviver com suas diferenças, e tratando do preconceito de uma forma irreverente.

Estrelado por Terence Stamp, Hugo Weaving, Guy Pearce e Bill Hunter, Priscilla a Rainha do Deserto, é uma comédia emocionante, com os números de drags queen regados com muita musica, como é o caso do clássico I Will Survive. Além de tudo isso, a viagem a bordo do trailer "Priscilla" é o ponto mais emocionante e engraçado do longa.




● Ligadas pelo o desejo


Violet está cansada de ser mal-tratada pelo seu marido, Caesar, um chefão da Máfia. Ela acaba se envolvendo em uma relação homossexual com uma ex-presidiária, e ambas acabam se apaixonando. Com o objetivo de ficarem livres, armam um plano para matar Caesar, ficar com seu dinheiro e fugir. O filme é conhecido pelas suas cenas de sexo entre as mulheres e por ter dado aos irmãos Wachowski a confiança para, três anos mais tarde, realizarem Matrix.








 Assunto de meninas
Ainda abalada pela perda da mãe, que morreu há 3 anos de câncer, a bela e sensível Mary Bradford (Mischa Barton) não consegue se comunicar com o pai e a madrasta. Alheios aos problemas emocionais dela, eles a enviam para um internato feminino. A recepção das novas colegas é ótima e ela é instalada no quarto das lindas Paulie Oster (Piper Perabo) e Tory Moller (Jessica Paré), a primeira rebelde e idealista e a outra insegura e rica. Aos olhos dos outros Paulie e Tory boas amigas, mas em seus corações elas são amantes ardentes. Apesar do espanto inicial, Mary, com seu jeito tímido, conquista a confiança das duas e se torna a única confidente do casal. Enquanto tenta se adaptar ao novo ambiente, Mary vê a dificuldade das amigas em lidar com alguns dos impasses do relacionamento, causados pelo preconceito de suas famílias e por suas profundas crises de identidade, principalmente quando Paulie e Tory são pegas na cama. Temendo uma reação contrária da família, Tory passa a ter uma relação heterossexual, para acalmar os ânimos. Além disto a própria Tory quer se convencer que é só amiga de Paulie, que não se conforma com esta situação pois a ama profundamente e não medirá conseqüências para ter de volta a pessoa que mais ama. Caberá a Mary tentar impedir que algo trágico aconteça. 




Monster-Desejo assassino


Vítima de abusos durante a infância, Aileen Wuornos (Charlize Theron) tornou-se prostituta ainda na adolescência. Ela está prestes a acabar com a própria vida quando conhece Selby (Christina Ricci), uma jovem lésbica com quem acaba se envolvendo. Certa noite, depois de ser agredida por um cliente, Aileen acaba matando o sujeito. O incidente desencadeia uma série de outros assassinatos, que faz com que ela fique conhecida como sendo a primeira serial killer dos Estados Unidos.






Paraísos artificiais 

Paraísos Artificiais conta a história de amor de Nando e Érika, dois jovens de seus 20 e poucos anos, que se encontram e desencontram através do tempo. Tendo como pano de fundo o universo das mega raves e das festas de música eletrônica, o longa-metragem retrata o amadurecimento de seus protagonistas a partir de suas experiências com família e amigos.

Ambientado nos anos 2000, o filme é narrado em três atos: o primeiro se passa em Amsterdã, para onde Nando viaja com seu amigo Patrick, e onde conhece Érika, DJ internacional; o segundo, alguns anos antes, em uma rave na beira do mar, para onde Érika segue viagem com sua amiga Lara, e onde Nando também está com Patrick; o terceiro, anos depois do primeiro ato, se passa no Rio de Janeiro, cidade natal de Nando, onde ele enfrenta problemas familiares, principalmente com seu irmão mais novo, Lipe, e onde, por fim, reencontra Érika
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● Pecado da carne ( legendado)

Num bairro ultra-ortodoxo de Jerusalém vive Aaron Fleishman (Zohar Strauss) pai de quatro filhos e administrador do negócio da família um açougue kosher herdado depois da morte de seu pai. O mundo observador das regras de Aaron se transforma mais »completamente com a chegada do jovem estudante Ezri (Ran Danker). Ambos começam a passar tempo juntos e por períodos cada vez maiores levando Aaron a decidir se vai voltar à morosidade anterior ou se entregar à relação com o rapaz.




● Orações para Bobby ( legendado)

Este é um filme baseado na história verídica de um jovem homossexual, que aos 20 anos suicida-se. A sua mãe, "Mary Griffith", interpretada por Sigourney Weaver, a senhora dos ELIEN, sabedora da sexualidade do filho acredita "curar" o filho com base na religião e terapias, para quatro anos depois (1979) Bobby lançar-se de uma ponte. Um filme intenso, dramático, e que espelha ainda hoje a realidade de muitos jovens no mundo.Originalmente feito para TV sendo exibido na noite que antecedia o Oscar, o filme é um dos fortes concorrentes aos prêmios de filmes para televisão.O filme conta com uma boa nota no IMDB e tem uma emocionante atuação de Sigourney Weaver que andava meio sumida.

                                

● A garota do soldado - (legendado)





Homoafetivo drama. Uma história, baseada em fatos reais, de um soldado que se apaixona por uma transexual e sofre pela intolerância de alguns colegas do exercito.















                                  
Amor em tempos de Guerra -(legendado)

Na primavera de 1942, em Paris, Jean e Philippe arriscam suas vidas para abrigar Sarah, uma amiga de infância de Jean, cuja família foi assassinada pela Gestapo. Jean é o grande amor de Sarah, mas ele é homossexual e apaixonado por Philippe, membro da resistência francesa. Mesmo assim, os três conseguem manter uma relação harmoniosa, até que entra em cena o irmão de Jean, colaborador dos nazistas. Quando Jean é falsamente acusado de manter um caso com um oficial alemão, começa a descida ao inferno sob o signo do triângulo rosa.




                               

●Tempestade de verão (Lengendado)



Tempestade de Verão aborda a vida do adolescente Tobi, no momento da descoberta da sua sexualidade. Tobi e Achim são amigos de colégio há alguns anos e dividem o mesmo quarto, e o carinho que um guarda pelo outro vai além do superficial. Com o passar do tempo, Tobi descobre que suas emoções com relação ao amigo vão crescendo cada vez mais.







                               
●Amores possíveis (Brasileiro)

Há 15 anos, Carlos (Murilo Benício) foi ao cinema para se encontrar com Julia (Carolina Ferraz), sua colega de faculdade, por quem estava apaixonado. Entretanto, a espera é em vão, já que Julia não aparece, deixando Carlos sozinho no hall do cinema. Durante a espera, acontece algo que irá mudar a vida de Carlos para sempre. Quinze anos após este acontecimento, passamos a acompanhar três versões possíveis e distintas da vida de Carlos. Na primeira, ele é um homem que se divide entre a estabilidade de uma vida segura e um casamento morno e o desejo crescente de viver uma paixão. Na segunda, Carlos é um homossexual que colocou a paixão acima de tudo. E na terceira ele é um homem que ainda não descobriu o amor e que busca, em sucessivas e desastrosas experiências amorosas, a mulher ideal. Apenas uma destas vidas é real, sendo que outra é fictícia e a terceira é a que ele gostaria realmente de viver. Mas descobrir qual destas três possibilidades é a vida real de Carlos, é preciso voltar no tempo e conhecer o que realmente aconteceu com ele após a espera por Julia no hall de cinema.

                                       


●Delicada atração (Legendado)


No subúrbio londrino, Jamie e Ste são dois vizinhos e colegas de colégio. Ste mora com o irmão e o pai alcoólatra, que frequentemente o espanca. Jamie mora com a mãe, que sensibilizada com os maus tratos ao vizinho, convida-o para ficar em sua casa, no quarto do filho. Mal sabe ela que daí vai surgir um caso de amor entre os dois garotos.









                                        
●Desejo proibido (Legendado)

Em três épocas distintas, confira as histórias de mulheres que lidaram de alguma forma num relacionamento a duas.

1961: Quando Abby morre, Edith sua parceira, precisa silenciosamente encarar sua perda amorosa e a negação de sua posição como 'família' pelo hospital e pelos herdeiros de Abby. 1972: Linda, uma feminista, é expulsa do campus com seu grupo de amigas lésbicas. Para esquecer seus problemas, as amigas vão para o único bar de lésbicas da cidade, onde Linda encontra Amy por quem se apaixona e começa a aprender com seus próprios preconceitos. 2000: Fran e Kal querem ter um bebê e rumam para o banco de esperma. Mas, como fazer isso? Pedir pela Internet? Qual o doador? Qual raça? Qual sexo? E se o banco de esperma não tiver um doador especial que seja perfeito? E acima de tudo, é certo trazer ao mundo um bebê que com toda certeza sofrerá com o preconceito?

                                                       


●Do que é feito uma família (Legendado)




Filme Baseado em História Real.


Janine e sua companheira Sandy, resolvem fazer uma inseminação artificial para ter um bebê. Quando Sandy, a mãe biológica, morre por uma doença degenerativa (lupus), Janine tem de lutar contra o preconceito e enfrentar uma batalha judicial com a família de Sandy, que quer a guarda definitiva da criança.




                       

●Apenas uma questão de amor (Legendado)

Produzido para a TV, o filme conta a história de Laurent, um rapaz de vinte e três anos que divide o apartamento com sua melhor amiga. Assumindo sua preferência por rapazes para todos, apenas os seus pais ignoram a sua homossexualidade. Para eles, Laurent é o filho modelo e usa a sua colega de casa para iludir questões sobre a sua vida privada. Mas essa dupla identidade torna-se insustentável quando Laurent se apaixona por Cédric.
Mais de 6,3 milhões de franceses viram "Juste Une Question D'Amour", transmitido pela France Télévision. Ambicioso e corajoso, este filme foi o primeiro a romper o tabu da homossexualidade na televisão francesa, abordando os temas da homofobia, do coming out, da aceitação de si mesmo e, claro, do amor, com sensibilidade, respeito e inteligência ( Use a opção Legendas em Portugês )

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domingo, 2 de dezembro de 2012

O que o movimento LGBT tem feito pelas/pelos travestis e transexuais?


Este texto aborda uma questão muito importante na luta das transexuais e travestis por seus direitos, resolvi compatilhá-lo, pois é uma visão muito clara sobre algumas divergências que acontecem dentro do próprio movimento LGBT em relação as necessidades reais de transexuais e travestis.


Ótimo blog, recomendo a todos : http://alegriafalhada.blogspot.com.br/



Por Daniela Andrade, autora do blog Alegria falhada.

Vejo a todo momento esse movimento que se diz LGBT excluindo travestis e transexuais. Aliás, a grande maioria nem sabe o que é travestilidade/transexualidade. Acham que todos(as) somos gays/lésbicas.

Sabemos que o movimento LGBT empunha a bandeira da igualdade, quando promovem uma parada GAY, estão lutando pela aprovação do casamento GAY, estão lutando pela criminalização da HOMOFOBIA (o que é transfobia? pois mesmo quando há crimes transfóbicos, vejo os gays dizerem que é homofobia). E os direitos dos(as) transexuais/travestis, onde ficam?

Vi em diversas páginas no Facebook, que se dizem LGBT, posts escrito: "18 ativistas homossexuais assassinados até agora". Aí você vai ver a lista, tem travesti e transexual no meio. Ou seja, quando é pra inchar estatísticas de mortes de gays, vamos colocar transexual e travesti na história. Infelizmente não vejo articulação, salvaguardando raras exceções, do movimento LGBT em prol das travestis e transexuais. Quando não, o que vemos é preconceitos dos gays (transfobia) inclusive nas tais das paradas gays (vide Parada Gay de Piracicaba de 2012, em que excluíram travestis dos carros).

E digo uma coisa, sofri/sofro bastante preconceito por parte dos gays. Já me falaram coisas do tipo "você só será mulher pra mim quando se operar" - e olha, vindo da boca de gay. Acho incrível, pra não dizer patético, que pessoas que sejam tão excluídas na sociedade, sejam também as que nos excluem.

E, falando em movimentos de pessoas excluídas, estendo minha crítica também a muitos movimentos que se dizem feministas, o que há de integrantes achando que Travestis e Mulheres Transexuais não são mulheres ("de verdade") e logo, vamos esquecer elas na nossa luta, não tá no gibi.

A solução, por exemplo, seria um grupo que se diz fundamental para o movimento... LGBT, que é o GGB (Grupo Gay da Bahia) parar de noticiar num blog bem famoso (http://homofobiamata.wordpress.com/) as mortes de travestis e transexuais para inchar os dados. Reparem que inclusive o nome do blog ignora que haja algo além de homofobia.

Entro nesse blog e tá lá a notícia nua e crua, tal e qual foi pinçada da fonte da grande mídia: desrespeitando a todo momento a identidade de gênero das travestis e transexuais. Quer dizer, a pessoa foi morta geralmente de forma horrenda, mas não tem direito nem a ter a identidade respeitada. É "o" travesti... Não! Nâo é "o" travesti pois não estamos falando de um homossexual com roupas de mulher - apesar que grande parte dos gays pensem assim. E vamos informar nossos leitores de que transfobia também existe, nem tudo se resume à homofobia. E não venham dizer que "estamos apenas reproduzindo a notícia", por que quem reproduz notícia arca com a responsabilidade do que informa. Ainda mais dizendo lutar pelos excluídos.

Eu acho uma palhaçada o que grande parte desses movimentos fazem em relação às/aos TTs e dizem ainda ser LGBT. Vamos tirar essa cortina de preconceito da nossa frente e vamos ser mais realistas.

A alternativa é começar a capacitar essa militância a aprender mais, parar de achar que tudo se resume à homossexualidade, homofobia, casamento gay. Acho tudo isso muito importante, jamais deixaria alguém falar nada de preconceituoso contra os gays, mas a recíproca, muitas vezes não vejo verdadeira. Inclusive, a maioria dessas pessoas não sabem quais são as necessidades específicas de travestis e transexuais.

As paradas gays tem encampado a luta pela despatologização da transexualidade?

Os gays têm lutado para que travestis e transexuais tenham direito a usar o nome social em todos os ambientes?

Os gays têm lutado para que travestis e transexuais tenham direito ao acesso universal à hormonização em todo o sistema público?

Os gays têm lutado pela ampliação e melhoria das cirurgias de transgenitalização no Brasil (lembrando que apenas 4 hospitais em todo o país realizam esse procedimento, onde transexuais amargam anos a fio na fila de espera)?

Os gays têm lutado para que travestis tenham acesso a um sistema de saúde que atenda suas necessidades no que ampara a retirada de silicone industrial do corpo dessas pessoas?

Os gays têm lutado pela inserção e visiblidade de travestis e transexuais?

Se tem, mostrem para mim onde, pois vejo travestis e transexuais lutando sozinhas, mas os gays querem chamar o movimento de LGBT.

Eu trouxe aqui questionamentos ímpares no que diz respeito aos direitos de travestis e transexuais que são desrespeitados o tempo todo - e que não o são no caso de gays, por exemplo e gostaria de saber se inclusive os movimentos que se dizem LGBT sabem quais são as necessidades que dizem respeito apenas a travestis e transexuais. E questionei onde estão as ações dos movimentos LGBTs como um todo, por isso fiz a generalização. Não adianta me responderem com fatos isolados. Sim, eu vejo um ou outro movimento inclusive sabendo o que é travestilidade/transexualidade: o que é um marco, mas o que eu digo é que é muito pouco. Esses movimentos deveriam sair de dentro do conforto do debate APENAS da orientação sexual.

E vou dizer outra coisa, o movimento LGBT se chocou quando a VEJA publicou aquele famoso texto sobre gays e cabras - e com razão, mas o que fez esse movimento quando pouco tempo depois foi publicado também num veículo de grande expressão (Revista Época) um texto do Walcir Carrasco em que na pretensa atitude de falar bem de travestis e transexuais, perpetuou preconceitos, tratou-as como homens travestidos, desrespeitou identidade de gênero e escreveu que é um crime se hormonizarem jovens - bem demonstrando não saber o que significa a hormonização na vida de uma travesti ou transexual.

Mostrem para mim onde há tantas manifestações do movimento LGBT criticando esse texto, pois eu ainda não achei. Mas para o texto da VEJA houve uma comoção. Eu penso o seguinte, estamos do mesmo lado da luta, mas parece que uns são mais preferidos que outros.

Vamos falar para toda essa gente ir estudar antes de abrir a boca pra falar que está defendendo o movimento LGBT. Nem precisa ler muito não, basta sair da preguiça e do ostracismo pra ver algo além do umbigo.

Eu luto e continuarei a lutar para que travestis e transexuais sejam vistos/vistas dignamente, mas isso parte da quebra de estereótipos de que há um movimento LGBT coeso, pois não há. Essa é a realidade nua e crua: TTs são invisibilizados(as) por todos os movimentos.

E não, não estou satisfeita, mas sim, procuro levar informação ao máximo possível de pessoas. A todas as formas de preconceito eu respondo com informação - assim como conheço centenas de TTs que lutam diariamente para mostrar que nós existimos, que temos direitos ignorados e que esse movimento LGBT precisa nos dar voz, que essas pessoas que se dizem militantes precisam estudar algo além de orientação sexual.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Cirurgia encerra drama de transexual – e da medicina


Cirurgia FTM : feminino para masculino

Alexandra dos Santos será 1ª brasileira a passar por operação de mudança de sexo paga pelo SUS. Há 15 anos, intervenção podia ser considerada crime
No início do próximo mês, a autônoma Alexandra Peixe dos Santos, de 38 anos, vai se deitar em uma mesa cirúrgica do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, para se submeter a um procedimento pouco comum, que deve durar duas horas. Do centro cirúrgico, sairá diferente: sem útero, ovários e trompas. Em data ainda a ser definida, passará pela extração das mamas. Os procedimentos constituem o passo mais contundente da transformação de Alexandra em Alexandre, ou Xande, primeiro transexual feminino do país a realizar uma cirurgia de mudança de sexo custeada pelo Sistema Único de Saúde – entre os homens, a prática existe desde 2008. Cada intervenção para retirada dos órgãos reprodutivos femininos (histerectomia total) e da mama (mastectomia) vai custar aos cofres públicos 717,90 reais e 462,80 reais, respectivamente.
Para Xande, a realização da cirurgia representa o último ato de uma peça ruim, em que ele – Alexandra faz questão de ser tratada pelo pronome masculino – encarna o personagem errado. “Desde criança, me entendo como menino”, diz. Cedo, refutou o nome Alexandra: preferia Júnior. No primeiro dia de aula, foi parar na fila dos meninos. “Eu não entendia por que meu lugar era junto às meninas.” A escola, aliás, foi o principal palco do descompasso com o corpo nos primeiros anos. Nas aulas de educação física, a menina queria compor o time de futebol – exclusividade masculina. “Era difícil até mesmo ir ao banheiro: a qual eu deveria ir?”, lembra. O drama do personagem bipartido cresceu à medida que seu corpo se desenvolvia. A partir da adolescência, com as mudanças próprias da fase, tudo se complicou. Com um instrutor de uma academia de ginástica, teve acesso a hormônios masculinos, que engrossaram a voz, interromperam a menstruação e fizeram nascer pelos no rosto. Sem a devida orientação médica, acabou impondo mais dor ao corpo que queria transformar. “Tomei doses excessivas de hormônios e sofri dois derrames em menos de quinze dias”, diz.
Para a medicina, a cirurgia também é o desenlace de um drama. Em 1975, quando a primeira operação desse tipo veio a público, o médico responsável pelo feito, o cirurgião plástico Roberto Farina, chegou a ser condenado por lesão corporal grave, enquadrado no Código Penal Brasileiro. Quem quisesse se submeter ao procedimento, portanto, tinha de fazê-lo de forma clandestina, ou viajar a países com tradição no assunto, caso de Tailândia, Grã-Bretanha, Marrocos e Equador. Mas a demanda pelas intervenções fez com que os profissionais de saúde paulatinamente repensassem suas posições. Em 1997, a cirurgia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em caráter experimental. No ano seguinte, o urologista Carlos Cury, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, realizou as primeiras operações: no mesmo dia, retirou o órgão genital de dois homens. Em 2002, a prática deixou de ser experimental. Por fim, em 2008, o Ministério da Saúde deu ao tema status de questão de saúde pública, ao assumir os custos da cirurgia de mudança de sexo entre homens e, no final do ano passado, entre mulheres. É o fim de um ciclo.
Transtorno, não doença – A incompatibilidade entre corpo e mente não é uma peculiaridade de Xande. Segundo Luis Pereira Justo, psiquiatra do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids (CRT), da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, a incômoda sensação de ocupar a estrutura física errada é comum aos transexuais. “A pessoa sente vergonha, constrangimento e, muitas vezes, não consegue nem ao menos saber quem na verdade é. Não é uma questão de comportamento sexual, mas de identidade de gênero”, diz. “Trata-se de um transtorno de gênero, não uma doença.” Em meio à turbulência, a identificação se faz, então, com o papel socialmente apropriado ao sexo oposto. Isso, defende o psiquiatra, acarreta pressões psicológicas, familiares e sociais, já que não se corresponde ao figurino esperado. Para alguém como Xande, possuir seios é um transtorno. Cultivar a barba, um desejo. É algo completamente distinto da homossexualidade. “Nela um homem, por exemplo, se aceita enquanto homem, mas seu desejo sexual recai sobre outro homem. Já o transexual não aceita o corpo que tem, não se vê refletido nele. Essa condição é entendida como uma patologia pela Organização Mundial da Saúde”, diz Quetie Mariano Monteiro, psicóloga do Departamento de Sexologia do Hospital Pérola Byington.
Esse é o perfil das centenas de transexuais que aguardam na fila de espera pela mudança no corpo. Só no Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, do CRT de São Paulo, foram 580 atendimentos desde 2009, ano da inauguração do serviço – apenas 31 são transexuais femininos, como Xande, que passou por ali. O CRT é responsável no estado por emitir os laudos que autorizam a cirurgia bancada pelo SUS. É uma exigência do Conselho Federal de Medicina. Sem o documento, a operação, custeada com dinheiro público ou privado, é proibida. Há mais três centros de triagem no país. O de Porto Alegre já registrou 250 interesssados e interessadas na cirurgia desde 1999.
A emissão do laudo encerra um processo que se estende por dois anos, durante os quais as condições físicas, mentais, sentimentais e sociais do candidato à cirurgia são esquadrinhadas até semanalmente por psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e assistentes sociais. O objetivo é rastrear pistas que permitam prever casos em que o paciente não está preparado para o procedimento cirúrgico e tudo o que ele acarreta. Um diagnóstico errado de transexualismo pode, como é fácil prever, desencadear problemas irreversíveis e há até registros de suicídio. “O acompanhamento do candidato até a cirurgia é um processo longo e delicado”, define Maria Filomena Cernicchiaro, diretora do CRT.
Até mesmo os profissionais de saúde ainda se adaptam aos procedimentos necessários envolvidos. A equipe do Hospital Pérola Byington, por exemplo, onde será feita a cirurgia de Xande, passou por um treinamento especializado, com o objetivo de realizar duas intervenções mensais. “A saúde pública tem de se preparar para atender os transexuais”, diz a chefe do Departamento de Sexologia da instituição, Tânia Mauadie Santana. No caso do procedimento em sentido inverso – do sexo masculino para o feminino –, há mais expertise: desde agosto de 2008, 84 cirurgias já foram realizados pelo SUS, ao custo total de 109.200 reais. “O estado arca com a cirurgia porque o transtorno implica sofrimento e incapacitação para essas pessoas”, diz Justo.
Acompanhamento familiar – Em sua longa jornada rumo ao ato final, Xande não conta apenas com a companhia dos profissionais de saúde e assistência social. A seu lado, estão a filha, Bruna, de 19 anos, a irmã, Celine, e a namorada, M., de 40, que prefere não revelar sua identidade. M. está com Xande há quatro anos, aguarda a operação com ansiedade e não esconde que o procedimento trará alívio para ambos. “Hoje, não somos vistos como um casal heterossexual, porque, em geral, as pessoas não compreendem o que é a transexualidade”, diz. “Ele nasceu num corpo inadequado, e a cirurgia vai tirar dos ombros dele um peso desnecessário.”
Bruna é fruto de uma relação de Xande com um amigo. “À época, minha companheira não podia engravidar. Então, tive uma relação com esse amigo. Tudo foi planejado”, conta Xande. “Como era esperado, sofri com mudanças no corpo e não consegui amamentá-la. Mas valeu muito a pena.” “Pai” e filha terão de enfrentar os trâmites legais brasileiros. Com o laudo do transexualismo em mãos, Xande já deu entrada no processo para mudança de nome. Depois da aprovação por um juiz, passará oficialmente a se chamar Alexandre Peixe dos Santos. Mas os documentos de Bruna não poderão ser mudados – ou seja, Alexandra continuará sendo legalmente sua mãe. É uma situação insólita. Segundo Sérgio Eduardo Fisher, vice-presidente da OAB do Rio de Janeiro e especialista em direito de família, à luz da lei, os dados relativos à filiação dos brasileiros são imutáveis em documentos nacionais. “Essa informação só pode ser alterada em casos de investigação de paternidade e adoção. Em situações de transexualismo dos genitores, não”, diz. É um caso em que os avanços da medicina ainda não foram acompanhados pelas mudanças na lei.
Veja abaixo infográficos explicando as etapas para a cirurgia:
Fonte: Veja